Quem não gosta de ver e se banhar em uma piscina com água cristalina, não é mesmo? Todos nós amamos, porém, muitos proprietários de piscinas e até mesmo tratadores profissionais possuem certa dificuldade em manter a água transparente e brilhosa. Muito comum são os casos em que o tratador aplica uma série de produtos na piscina que, ao invés de clarear a água, torna a piscina cada vez mais turva. Que atire a primeira pedra quem nunca passou por isso!
Neste post, vamos falar sobre os princípios da transparência da água de piscinas. O que causa a turbidez e como deixar cristalina uma piscina que está apresentando problemas de turbidez ou esverdeamento, apontando quais produtos químicos devem ser utilizados, quais parâmetros físico-químicos são importantes e como a filtração influencia na cristalinidade da água.
Seja uma piscina de fibra ou uma piscina revestida com azulejos, pastilhas cerâmicas ou pedras naturais, quando a água está transparente e brilhosa é como um convite para um banho refrescante.
Porém, ao final de um belo dia de calor e uso intenso da piscina, aquela água que estava completamente limpa, pode apresentar problemas. Uma vez que a turbidez de piscinas é formada por materiais dissolvidos e particulados trazidos para dentro da água pelos banhistas e pelo meio ambiente (com o vento e as chuvas) é natural que quanto mais se utilize uma piscina, maior seja também o aporte de sujeira para o seu interior.
O primeiro parâmetro que sofre influência pelo uso intenso de uma piscina é o cloro residual. Banhistas transpiram na piscina e até mesmo urinam (principalmente, crianças e aqueles adultos mais beberrões). Esses dois tipos de excreção, a urina e o suor, são ricos em nitrogênio, o qual é o grande responsável pela transformação de cloro livre em cloro combinado. Outro parâmetro que é bastante influenciado é o pH da água. Nossa pele, suor e urina possuem pH ácido, o que reduz drasticamente o pH da água quando se tem uma relação alta de banhista por m² de piscina, concomitantemente, a um nível de alcalinidade total abaixo do ideal, conforme será explicado adiante. Além dos banhistas, a água das chuvas e os ácidos húmicos liberados na decomposição de vegetais, também, reduzem o pH da água.
Quando a água da piscina tem seu nível de cloro livre e pH reduzidos, somados ao aporte de partículas de sujeira trazidos para seu interior pelos banhistas e/ou pelo meio ambiente, inicia o processo de turvamento. Isso ocorre, principalmente, devido ao fato de a água ácida ajudar na dissolução da maioria das sujidades e pela maior dificuldade na formação de flocos de sujeira, os quais precisam de certa alcalinidade para serem formados. Com a água ácida e a sujeira mais finamente particulada, os filtros de areia não conseguem reter as partículas de sujeira com eficiência. Somado a isso, com o residual de cloro em níveis baixos e pela maior disponibilidade de ácido carbônico, as algas desenvolvem-se com grande rapidez utilizando essas substâncias como fonte de nutrientes – o que faz com que a água passe de esbranquiçada para verde rapidamente.
Entendido o processo padrão de turvamento e esverdeamento de uma piscina, resta a pergunta: o que o tratador pode fazer para evitar que sua piscina fique turva?
O primeiro passo é bastante óbvio, não deixar a concentração de cloro baixar demasiadamente, isto significa, manter sempre a água com, pelo menos, 1 PPM de cloro livre. Para isso, o responsável pelo tratamento da piscina deverá analisar o nível de cloro residual utilizando kits de fita teste, reagentes líquidos ou equipamentos eletrônicos frequentemente para, em seguida, repor o cloro consumido.
Tal cuidado evitará o problema de desenvolvimento de bactérias e algas, mas não irá evitar que a piscina se torne turva e fique com aquele aspecto de suja devido à alta turbidez.
Como dizem, é melhor prevenir do que remediar! E quando o assunto é tratando de piscina, uma boa prevenção à turbidez passa, além do cloro já mencionado, pelo monitoramento da alcalinidade total. Isso mesmo! Uma piscina com a alcalinidade total ajustada entre 80 e 120 PPM será muito mais resistente à redução do pH. Com o pH regulado entre 7,2 e 7,8 e com a alcalinidade dentro dos níveis ideais, naturalmente, haverá uma maior atração entre as partículas de sujeira, que formarão pequenos flocos, os quais serão mais facilmente captados pelo filtro ou irão decantar e se alojar no fundo da piscina, tornando a água gradativamente mais transparente.
Esse processo de formação de flocos – conhecido como floculação – pode ser intensificado com a aplicação de pequenas dosagens de clarificante líquido, como o Floc Plus 2 em 1. Uma pequena dosagem funcionará como um auxiliar de filtração, isto é, servirá para ajudar o filtro a captar as partículas de sujeira, fazendo com que elas formem mais rapidamente os flocos, os quais não serão grandes o suficiente para decantarem muito depressa, por não serem pesados o suficiente, mas, que contribuirão para que a sujeira não consiga passar por entre os poros existentes entre cada grão de areia existente no interior filtro. Normalmente a dosagem de clarificante líquido recomendada é de 1,5 a 3,0 ml/ m³, uma vez por semana, ou quando a água apresentar leve turbidez.
Uma alternativa à aplicação de clarificante líquido cada vez mais utilizada em piscinas, são os géis de poliacrilamida catiônica, como o Floc Gel. Este gel é inserido no interior do pré-filtro da bomba de circulação, o qual deve estar limpo. Com a passagem da água, este gel vai se dissolvendo lentamente e sendo aderido à areia do filtro, o qual passa a atrair as partículas de sujeira devido à diferença de cargas elétricas. As partículas de sujeira, em geral, possuem carga negativa em seu exterior, enquanto a poliacrilamida catiônica possui carga positiva, fazendo, assim, com o que o filtro de areia não só retenha a sujeira contida na água fisicamente, mas, também, quimicamente.
Já que estamos mencionando os produtos que previnem a turbidez, não poderíamos deixar de falar de um dos mais efetivos, o algicida de manutenção. Este produto previne o desenvolvimento de algas e bactérias, ou seja, funciona como um reforço ao cloro. Normalmente, a dosagem recomendada é por volta de 5 ml/m³, uma vez por semana.
Sem dúvida alguma, a manutenção dos parâmetros de qualidade de água e o uso correto dos produtos químicos são primordiais quando a intenção é deixar a água da piscina cristalina. Porém, sem uma adequada filtração, todo este trabalho será em vão. De nada adianta o piscineiro realizar seu trabalho com excelência de segunda a sexta-feira, aplicando os produtos mencionados e corrigindo os parâmetros necessários, se no final de semana, que é justamente quando a piscina é mais utilizada, a bomba de recirculação de água não for acionada pelo tempo necessário, por exemplo. Fica a dica de quem já passou muito por isso!
Segundo a ABNT NBR 10339:2018, a taxa de recirculação – que é o tempo que todo o volume de água leva para passar pelo filtro – deve ser de 8 horas para piscinas residenciais e de 6 horas para piscinas de uso coletivo (em piscinas com profundidade entre 0,60 e 1,5 m). Como é importante que todo o volume de água seja filtrado diariamente, este é o tempo que, em média, a bomba deverá funcionar diariamente. Porém, em alguns casos, o sistema de filtração deverá funcionar por mais tempo. Cabe ao tratador avaliar a real necessidade da piscina e estabelecer o tempo de filtração diário necessário. A recomendação da ABNT é um ótimo parâmetro, porém, a real necessidade irá variar bastante. Por exemplo: em uma piscina mal projetada, na qual há muita captação de água recém-filtrada devido à má distribuição dos bocais de retorno, o tempo de filtração diário deverá ser maior que em uma piscina semelhante, na qual os bocais de retorno estão no lado oposto de onde há a captação de água que é direcionada para o filtro.
É importante frisar que uma piscina turva não é só esteticamente desagradável, uma piscina com baixa transparência se torna perigosa devido ao aumentado risco de afogamento, uma vez que pais ou guarda-vidas não conseguirão prestar uma adequada vigia às crianças que se banham. Outro ponto importante é o maior risco de infecções por patógenos como bactérias, amebas e protozoários em piscinas com água turva. Esses microorganismos acabam sendo protegidos da ação do cloro e de outros agentes saneantes pelas partículas de sujeira dispersas na água.
Mas e se a piscina se tornar turva, o que devemos fazer para corrigir o problema?
Primeiramente, o tratador deve analisar e corrigir os parâmetros: cloro residual, alcalinidade total e pH, preferencialmente, na ordem mencionada. Após, deve aplicar uma dosagem de Clarificante Líquido ou de Sulfato de Alumínio para realizar a decantação de toda a sujeira que está suspensa na água.
Para a decantação ser bem sucedida, é fundamental que o pH e a alcalinidade não estejam abaixo dos níveis anteriormente indicados. Porém, caso eles estejam um pouco acima da faixa ideal – mas não muito – a redução do pH e/ou da alcalinidade total somente deverá ser realizada após a realização da decantação e da aspiração. Este procedimento é indicado uma vez que o Clarificante Líquido ou o Sulfato de Alumínio utilizado, irá reduzir esses parâmetros. Outro motivo é que a aspiração deverá ser realizada na função Drenar, ou seja, parte da água da piscina será descartada e a sua reposição, provavelmente, será com água com baixos níveis de alcalinidade e pH.